Há um grande desafio de interoperabilidade e coexistência entre diferentes modelos e marcas de equipamentos GPON e suas evoluções xGS-PON, NG-PON, etc. Relativo a compatibilidades algumas condições não estão claramente previstas e definidas nas normas pertinentes, afinal há diferenças e limitações de operação entre tecnologias.
Embora alguns fabricantes tentem tornar seus equipamentos compatíveis entre marcas diferentes isso nem sempre é possível. Mas a norma GPON não foi originalmente redigida com o propósito de total interoperabilidade entre fabricantes. Há um grande esforço com o objetivo de promover compatibilidade. Isso inclui diferentes versões de firmware, chipset, entre outras questões estratégicas entre fabricantes travando o processo.
A importância desse tema, a princípio, se torna cada vez mais evidente quando grandes playes do mercado apontaram a descontinuidade de seu produto. Essa questão estrategicamente representa uma ameaça e risco para a operação dos provedores.
xG-PON e as recomendações do ITU-T
O GPON original é regido pela norma ITU-T G.984 subdividindo-se do G.984-1 ao G.984-7. Para as redes xG-PON foi definido pelo ITU-T a norma G.987, desde o G.987 ao G.987.3. Observe abaixo detalhes dessas recomendações:
G.987: detalha as principais definições do xG-PON;
G.987.1: aborda requisitos gerais, suporte a serviços obrigatórios, especificações de hardware, protocolos e coexistência xG-PON com o GPON;
G.987.2: Aborda a camada PMD – Physical Media Dependent, detalha comprimento de onda utilizados e as taxas de dados suportadas;
G.987.3 Apresenta definições da camada de convergência xG-PON. Aborda protocolos de comunicação e questões do gerenciamento de QoS e a largura de banda dinâmica (DBA – Dynamic Bandwidth Allocation). Ainda existe outra norma relacionada ao xG-PON que é a ITU-T G.988. Esta, especifica o gerenciamento da ONU (Optical Network Unit) e o controle da interface.
Para entendermos um pouco melhor a questão de banda e operação você pode ler o artigo: Evoluções GPON (XG-PON, NG-PON e XGS-PON). Dessa maneira, entendendo isso, fica mais fácil compreender a questão de coexistência e interoperabilidade (ou não) entre as diferentes tecnologias.
Interoperabilidade e coexistência entre GPON e xG-PON
É comum provedores perguntarem sobre questões de interoperabilidade entre fabricantes no momento da compra de um determinado equipamento. Em modo bridge grande parte da interoperabilidade entre equipamentos se torna possível. Entretanto, a medida que se acrescentam funcionalidades, especialmente em modo router, começam a aparecer as incompatibilidades. E quanto a migração tecnológica GPON para xG-PON e suas posteriores evoluções, o que podemos esperar?
A integração entre as diferentes tecnologias é uma questão prevista em norma. Por exemplo, o padrão G.987 antecipa a coexistência de xG-PON1 com GPON e sinais de vídeo na mesma rede óptica. Entretanto, nada existe com relação a equipamentos GPON de nova geração permitirem a comunicação com equipamentos legados. Deve ser mantida a infraestrutura antiga operando. O que existe é a interoperabilidade entre os diferentes equipamentos compartilhando a mesma rede óptica. Isto é, todo a planta de equipamentos existente permanecerá e serão acrescidos os equipamentos de nova geração operando conjuntamente.
Para coexistência entre as novas gerações GPON e o GPON original a questão da rede de distribuição óptica é crucial. Porque o objetivo é que haja garantia da transmissão simultânea de diferentes sinais de comprimento de onda.
A banda de comprimento de onda para comunicação GPON da ONU vai de 1260nm a 1360nm. Para a da OLT vai de 1480nm a 1500nm. Dessa maneira, a função das bandas vizinhas é garantir a segurança da comunicação. Assim, são separadas as bandas GPON das bandas do sistema XG-PON1 para evitar interferência entre os sinais. Observe a seguir exemplos de interoperabilidade entre o GPON original e algumas evoluções.
Assim, para permitir a coexistência, um divisor (Wavelength Division Multiplexig – WDM) é usado para combinar sinais de diferentes comprimentos de onda (GPON + XG-PON1 + Vídeo).
E o futuro?
Em resumo, naturalmente existem outras topologias possíveis aplicáveis previstas. Entretanto, a coexistência entre elas é questionável, dependendo obviamente de questões técnicas e financeiras.
Temos, por exemplo, o NG-PON2 que se propõe a ter velocidades de 40Gbps possibilitando simetria de banda upstream e downstream em 10Gbps. Além de permitir operação em 10Gbps de downstream e 2,5Gbps de upstream. O NG-PON2 não representa apenas uma versão de maior largura de banda, também novas capacidades, como mobilidade de comprimentos de onda.
Um ponto importante é que muitos projetos e instalações atuais não estão devidamente preparadas para as questões de evolução tecnológica. Estes, certamente vão começar a aparecer a partir da necessidade de evolução. Tais como: aumento de condições de entrega de banda, número de clientes e necessidades de distância. Temos um gradativo processo de migração para um futuro “próximo”.
Assim, é de fundamental importância que os projetos e instalações atuais estejam de acordo com as normas, já que as evoluções se baseiam nestas. Para que deste modo o processo de transição seja possível, sem maiores dificuldades. Esteja atento a isso!
Autor: Fernando César Morellato